Há algo que ninguém pode nos ensinar. Não se aprende na escola, não se herda dos pais, não se ganha dos outros. É uma força que brota do coração, silenciosa mas poderosa, e se chama vontade.
A vontade verdadeira não se ensina — ela nasce. Nasce antes mesmo da nossa chegada à Terra, como um pacto sutil firmado na alma, uma bússola apontando para os caminhos que viemos trilhar. Podemos ensinar como andar de bicicleta, mas não podemos dar a alguém a vontade de aprender. Essa, cada ser carrega dentro de si, como uma chama única que arde no ritmo de sua própria missão.
E por que é tão difícil ajudar alguém com a vontade? Porque ela não se fabrica. Ela é despertada. E quem tenta sufocá-la com medos e pensamentos demais, acaba congelando essa centelha divina. O excesso de pensamento pesa, trava, faz a alma estagnar. A cabeça, quando usada de maneira errada, vira um freio — bloqueia o impulso do coração, desacelera o passo, esfria a coragem.
Vocês sabiam que quase todas as preocupações que passam pela mente de vocês nunca se concretizam? Pois é. Cerca de 99% das preocupações que tomam o dia inteiro, que drenam a energia e tiram a paz, não acontecem. E mesmo assim, seguimos alimentando esses pensamentos como se fossem verdades. Damos força ao medo, quando deveríamos fortalecer a confiança. E nesse vaivém mental, deixamos de ouvir o que o coração está dizendo com clareza.
Quando o impulso vem do coração, ele está certo. Mesmo que dê “errado”, ainda assim estará certo, porque ensina. Porque purifica. Porque revela. Errar não é o oposto de acertar. É parte do caminho. O verdadeiro erro é não tentar. Ficar parado. Água parada apodrece. Mas a água do rio não — ela cria caminho, contorna pedras, atravessa rochas. Assim é quem vive com vontade: segue fluindo, criando seus próprios rumos.
O medo, meus filhos, não nasce com vocês. O medo é semeado pelas crenças dos outros, pelas palavras que escutam, pelas dores que não são suas, mas vocês acabam carregando. E quando ele se instala na cabeça, começa a confundir o coração. Por isso é tão importante proteger a mente com a mesma dedicação com que se protege uma criança. É a mente que alimenta ou enfraquece a vontade. E a vontade, quando está firme, move mundos.
O exemplo das crianças é sempre o mais puro. Elas não têm medo de errar. Oferecem, perguntam, experimentam. Quando querem fazer, fazem. Não ficam pensando dez vezes antes de dar um passo. Não deixam a dúvida tomar o lugar da ação. Por isso, quando puderem, deixem que a criança interior conduza. Ela sabe viver com verdade.
E sobre o jejum… ah, o jejum. Tão antigo quanto os primeiros passos do espírito na Terra. O jejum não nasceu para emagrecer. Ele nasceu da espiritualidade. Está nos textos mais antigos, nas práticas dos que buscavam viver em conexão com o divino. O corpo, quando silenciado da comida, se volta para dentro. Começa a limpar, a curar, a restaurar o que estava desajustado. Entra no que hoje chamam de autofagia — um nome difícil para dizer que o corpo começa a consumir o que está fraco, doente, velho. E aí, renasce.
Quando jejuamos, entregamos ao corpo a chance de fazer o que ele sabe fazer. Paramos de dar estímulo externo e começamos a ouvir. Muitas doenças se dissolvem no silêncio do jejum. É uma medicina esquecida, desacreditada por muito tempo, e agora redescoberta por aqueles que sentem que algo dentro precisa renascer.
Há lugares no mundo onde as pessoas vivem mais de 100 anos. Não é milagre, é sabedoria. Comem com simplicidade, vivem em comunidade, bebem água pura, respeitam a terra, respeitam o corpo. E quando jejuam, o fazem com consciência, não por modismo. Não vivem para comer. Comem para viver.
A vida, meus filhos, pode ser longa quando é bem vivida. E se vocês têm um propósito, uma missão, uma vontade de ajudar, quanto mais tempo viverem, mais bem farão a este planeta. Por isso o cuidado com o corpo é também um ato espiritual. E o jejum — seja ele de comida, de palavras, de distrações — é uma ponte para o espírito.
Mas lembrem-se: nenhum ensinamento faz sentido se não for sentido. Não aceitem tudo como verdade só porque o Vô falou. Sintam. Tragam para dentro do coração. Experimentem na vida de vocês. E se não fizer sentido, soltem. Porque nenhum de nós é dono da verdade. Estamos todos aprendendo, juntos. Inclusive o Vô.
Se puderem, ouçam as pessoas com a mesma paciência e carinho com que ouvem o Vô aqui. Talvez a vida de vocês se transforme só por aprender a escutar com o coração, e não apenas com os ouvidos. Porque às vezes o que vocês mais precisam ouvir vem de onde menos esperam.
Não tenham medo de errar. Não esperem ficar prontos para começar.
Sigam com vontade, com coragem, com verdade. Porque quando o coração fala, é Deus que está soprando por dentro.