Desapegar do velho, abrir espaço para o novo e viver com o coração livre
Desfazer-se do que é velho não é apenas se livrar de objetos antigos. Muitas vezes, o que nos prende não está fora, mas dentro. O velho pode ser um pensamento, uma lembrança, um comportamento, um sentimento ou até mesmo uma ideia que já não serve mais. É aquilo que já cumpriu seu papel e permanece ocupando espaço, sem mais oferecer vida.
Guardar coisas por medo de precisar delas no futuro é uma forma de aprisionamento emocional. Quando achamos que “vale a pena guardar”, geralmente é o medo que fala — medo de faltar, medo de não ter como conquistar novamente, medo de não suportar o vazio. Mas, se o dinheiro é energia, como o Vô sempre lembra, ele vai e volta. E com as outras coisas é igual: energia precisa circular. O que é guardado com apego, estagna.
O desapego também é mental e emocional. Há pensamentos antigos, crenças que vieram de longe e nunca foram questionadas. Comportamentos repetidos sem consciência também são velhos. E aquilo que se repete, sem trazer crescimento, indica que a lição ainda não foi aprendida. A repetição é o chamado do espírito para que se volte à origem e se compreenda o que ainda não foi entendido. Só assim é possível seguir em frente.
O coração é como um punhado de terra. Quando está limpo, fértil e livre do que o endurece, qualquer semente plantada nele brota. Pode ser uma ideia, um novo relacionamento, um recomeço. Mas quando o coração está cheio de lembranças pesadas, dores não resolvidas ou apegos do passado, ele se torna um solo duro — nada floresce. Por isso, deixar o coração leve é preparar o terreno para o novo.
A cabeça ajuda a escolher as sementes, mas é o coração quem faz nascer. E ele precisa estar à frente. As crianças ensinam isso com naturalidade: fazem com o coração, e a cabeça só entra depois para organizar. Mas, com o tempo, os adultos invertem esse movimento e passam a viver decidindo tudo com a razão, esquecendo da força criadora do sentir.
É por isso que muitos caminhos não fluem. Relacionamentos não avançam, mudanças não acontecem, porque o coração está preso ao que já passou. E o novo não tem onde nascer. Quem ainda está emocionalmente ligado ao que se foi, ao que não deu certo ou ao que já cumpriu seu tempo, fecha as portas do presente.
Tudo o que é velho e não se renova precisa ser entregue. Pode ser um aprendizado que já foi útil, mas não serve mais. Pode ser uma memória boa, mas que agora virou prisão. Pode ser até uma dor que já não pertence mais ao agora. O passado não pode mandar no presente. E o futuro só se constrói quando há espaço para ele chegar.
O Vô também ensinou sobre as dimensões espirituais. Existem muitas, como camadas que se tocam. Quando duas se encostam, os planos se comunicam. Às vezes, é nesse entrelaçamento que as experiências espirituais acontecem. Os espíritos também trabalham, mesmo depois da passagem. A diferença é que, do outro lado, o trabalho é feito com energia, e não com corpo. Por isso, não há cansaço. Mas há ainda muitos que continuam repetindo o que faziam em vida, sem perceber que já partiram. Estão presos, não por maldade, mas por apego ou por hábitos enraizados. E isso também vale para vícios, que mantêm o espírito em baixa vibração e dificultam o recebimento de ajuda, até mesmo de orações.
A única força capaz de atravessar todas as dimensões é o amor. Ele alcança onde a pena e a preocupação não chegam. Orar com amor transforma. Orar com dó apenas conecta com o sofrimento do outro e o atrai. Por isso, toda oração deve ser feita com amor verdadeiro, e não com sentimento de falta.
O amor também é o caminho para resolver os conflitos. Discordar com amor é uma prática elevada. Não significa concordar com tudo, mas respeitar o outro mesmo quando há diferença. Quando se aprende a discordar com amor, as pessoas não saem feridas — saem mais conscientes. Não se vai dormir brigado, e o dia seguinte nasce leve.
Por fim, o Vô falou sobre perdão. Perdoar não é apenas dizer “está tudo bem”. O perdão verdadeiro vem do coração. Às vezes, é pelo mesmo erro, várias vezes. Mas o perdão não é sobre aceitar o erro do outro — é sobre libertar-se do peso que ele causa em você. Jesus perdoava de forma contínua, com amor, e é nele que devemos nos inspirar. Quando não souber o que fazer, pergunte: “O que Jesus faria?” A resposta virá, com clareza, no tempo certo.
Tudo começa com amor e respeito. Por si mesmo, pelos outros, e por esse caminho que é sagrado.
Atividades
- Reconhecer pensamentos e comportamentos que se repetem e não contribuem mais
- Permitir que o coração guie e a mente apenas execute
- Aprender a discordar das pessoas mantendo o respeito e o amor
- Resolver conflitos antes de dormir para não carregar energias negativas
- Ao fazer orações para outros, fazê-las com amor genuíno, não com sentimento de pena
- Praticar o amor próprio para poder amar os outros adequadamente
- Compreender que cada pessoa tem seu próprio caminho e ritmo de evolução